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Foto do escritorJoão Casas

Biografia: Cruz e Souza, o filho de ex escravos fundador da academia catarinense de letras



Cruz e Souza foi um poeta simbolista brasileiro. Ele foi o precursor do movimento simbolista no Brasil com a publicação de suas obras “Missal” (prosa) e “Broquéis” (poesia) em 1893.


Entre as obras listadas, devemos destacar duas em especial: “Missal” (poemas em prosa) e “Broqueis” (poemas). Com elas, o autor consagrou-se como o fundador do Simbolismo no Brasil, pois, segundo a critica, ambas combinam o parnasianismo, o pessimismo e o materialismo à musicalidade simbolista. Sofreu influências de Baudelaire e Antero de Quental, de quem foi grande leitor e admirador.


É patrono da Academia Catarinense de Letras, representando a cadeira número 15. Ao lado de Alphonsus de Guimaraens, ele é um dos mais importantes poetas do movimento no país.

João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, na cidade catarinense de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis).


Ele era filho de ex-escravos, mas sua educação foi patrocinada por uma família de aristocratas (antigos proprietários de seus pais). Foi assim que ele estudou no Liceu Provincial de Santa Catarina.


Filho de Guilherme da Cruz, mestre pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, lavadeira. Ambos negros e escravos, alforriados por seus senhores: O coronel Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa Clarinda Fagundes de Sousa.


O casal de senhores, que não tinha filhos, não só ajudou na educação, como deram-lhe o último sobrenome (Sousa), incorporado à sua assinatura literária. Além disso, viveu na casa do casal como filho de criação, o que lhe garantiu uma ótima formação educacional.


Com rico vocabulário e talento com as palavras, aos sete anos fez seus primeiros versos e aos oito anos declamava em salões e teatrinhos.

Desde pequeno, tinha uma inclinação para as artes, língua e literatura. Em Santa Catarina trabalhou como escritor no jornal abolicionista “Tribuna Popular”, além de ter sido diretor.




Estudou no Ateneu Provincial Catarinense, de 1871 a 1875, aprendendo francês, inglês, latim, grego, matemática e ciências naturais tendo sido discípulo do alemão Fritz Müller. Contribuiu para criação do jornal “O Colombo” em 1881, no qual proclamava adesão à Escola Nova (o Parnasianismo). Deve também ser destacada sua atuação no movimento abolicionista, tendo realizado diversas conferências em várias capitais.


Apesar da ótima formação familiar e educacional, Cruz e Sousa sofreu com o preconceito e racismo da época. Em 1884 teve sua nomeação para Promotor de Laguna(SC) impugnada pelos políticos locais por ser negro.


No ano da abolição, em 1888, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde em 1890 fixou residência definitivamente. Ainda em 1890, colaborou para as revistas “Ilustrada” e “Novidades”. No ano seguinte, em 1891, continuou com sua colaboração para o jornalismo impresso e começou a publicar nos jornais “Folha Popular” e “O Tempo” das revistas “Ilustrada” e “Novidades” e manifestos simbolistas . Ademais, trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil.


Note que as publicações de Cruz e Souza para os jornais estavam, muitas vezes, pautadas no tema do racismo e do preconceito racial.


No Rio casou-se com Gavita Gonçalves em 1893, e com ela teve quatro filhos. Infelizmente todos morreram prematuramente de tuberculose.


Esse momento trágico de sua vida está refletido em algumas de suas obras, as quais estão pautadas nos temas da solidão, dor e sofrimento. Após o ocorrido, sua esposa que sofreu muito, começa a apresentar problemas mentais.


Cruz e Souza também foi acometido pela tuberculose. Assim, resolve mudar para Minas Gerais com o intuito de melhorar sua saúde.

Faleceu na cidade mineira de Curral Novo, em 19 de março de 1898 com 36 anos, vítima de tuberculose.


Ele foi apelidado de “Dante Negro” em referência ao escritor humanista italiano Dante Alighieri.

Características das Obras


A obra de Cruz e Souza é marcada pela musicalidade, subjetivismo, individualismo, pessimismo, misticismo e espiritualidade.


Tal qual as obras de outros poetas simbolistas, seus escritos estão repletos de figuras de linguagem: metáfora, aliteração, sinestesia, etc.

Dentre os temas mais abordados pelo autor estão o amor, o sofrimento, a sensualidade, a morte, a religião, além de temas associados ao abolicionismo.

Curioso notar que em suas obras e escritos, podemos constatar sua obsessão e predileção pela cor branca.


Dentre suas obras mais destacadas estão:

Missal (1893)Broquéis (1893)Tropos e fantasias (1885)Evocações (1898)Faróis (1900)Últimos Sonetos (1905)




Em 19 de março de 1898, João da Cruz e Sousa faleceu na cidade de Sítio, em Minas

Gerais, aos 36 anos, vítima do agravamento no quadro de tuberculose. Foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, onde permaneceu até 2007, quando seus restos mortais foram então acolhidos no Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis.


Postumamente, foram lançados seus livros “Evocações” (1898), “Faróis” (1900). Além das duas obras citadas, também foi lançada no ano de 1905 em Paris a obra póstuma “Últimos Sonetos”, pelo amigo Nestor Vítor. Na época, a crítica francesa o considerou um dos mais importantes simbolistas da poesia ocidental.


Segundo Antonio Candido, Cruz e Sousa foi o "único escritor eminente de pura raça negra na literatura brasileira, onde são numerosos os mestiços".


https://bit.ly/2SCxE2Y

https://bit.ly/2EctbLP


Biografias. Cruz e Sousa. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/cruz-e-sousa.htm>. Acesso em: 9 de out. de 2016.

Brasil Escola. Literatura – Cruz e Sousa. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/literatura/cruz-sousa.htm>. Acesso em: 9 de out. de 2016.

Ebiografia. Cruz e Sousa – poeta brasileiro. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/cruz_e_sousa/>. Acesso em: 9 de out. de 2016.

Wikipedia – A enciclopédia livre. Cruz e Sousa. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa>. Acesso em: 9 de out. de 2016.








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